Trabalho há 18 anos formando
pedagogos. Nas disciplinas que leciono abordo temas como os transtornos globais
do desenvolvimento, transtornos de aprendizagem e outras deficiências de causas
diversas. Embora o foco dessas
discussões esteja centrado no diagnóstico e intervenções pontuais em sala de aula,
é inevitável falar sobre inclusão, atividade que está longe de ter uma
formatação realista e que atenda às necessidades dos estudantes.
Hoje há um consenso por parte de
professores e pesquisadores sobre a importância do mediador como agente de
aproximação do processo de ensino e aprendizagem.
Um professor regente com 30-40
alunos em sala de aula, por mais boa vontade e esforço, não terá condições de oferecer um atendimento
personalizado ao aluno, que precisa de um tempo diferenciado, de pausas nas
atividades e recursos pedagógicos apropriados. Além disso, é preciso
desenvolver habilidades sociais específicas para que tenha uma inserção mais
satisfatória com os que estão a sua volta.
Conversando com uma mãe de criança
autista de 11 anos (aluna incluída no ensino regular da rede municipal de
ensino do Rio de Janeiro ) chamou-me a
atenção alguns elementos da sua fala:
“Eu só queria que minha filha aprendesse a ler e
a escrever”
“Minha filha está no 5º ano. No que ano que vem
irá para o 6º ano, terá que mudar de escola e terá vários professores, mas ainda
não sabe ler.”
“Minha filha é atendida por uma voluntária que
atua como mediadora. Só fica metade do período na escola.”
“Fico 4h e 30 min esperando minha filha na escola, pois ela não
fica se eu não estiver por perto. Certa vez a voluntária ficou abraçada com ela
no colo por todo este período... ”
No ano de 2013 foi aprovado um projeto de lei
que criou o cargo de agente de apoio à educação especial. Foi realizado o 1º concurso em 2014, contemplando
150 vagas. Somente no início deste ano
foram chamados os primeiros colocados, quantitativo insuficiente para atender a
demanda de alunos especiais que necessitam de acompanhamento especializado.
Podemos considerar que foi uma boa iniciativa,
mas ainda muito distante de um modelo eficaz, principalmente considerando que
dentre as atribuições do cargo há uma intercessão entre duas funções: a do
cuidador e a do mediador. Além disso, a escolaridade
ao nível de ensino médio não confere a este profissional um perfil adequado
para esta função, mesmo com os
treinamentos e capacitação a serem oferecidos por instituição de referência na
área.
Há muito que fazer para construirmos um modelo
de atendimento que possa ir de encontro ao verdadeiro sentido da educação
inclusiva.
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