quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Profª Zezé e a bola de cristal - As estratégias de dominação.




As relações de poder e autoridade sempre estiveram presentes nas relações institucionais, e o espaço escolar não foge a esta regra.  Quem me conhece, em especial os meus alunos, sabe que adoro contar um “causo”. Lembro-me que quando comecei a trabalhar como professora, a coordenadora pedagógica tinha o hábito de olhar os cadernos de planejamento semanalmente. Não colocava estrelinhas, mas dava visto e autógrafo. Numa dessas reuniões, ela olhou as minhas anotações e questionou vários tópicos, inclusive sobre os resultados esperados. - Como assim Zezé? - Não trouxe minha bola de cristal! - Como posso prever o desenrolar de uma aula?
 Concordo que o planejamento de atividades é importante, mas não é possível engessar demais, senão corremos o risco de anular todo um processo criativo. Afinal, se já possuímos as respostas, com que finalidade temos as perguntas? Não satisfeita, a Zezé começou a bater ponto na minha sala de aula, desconfiada, incomodada com alguém que pudesse confrontar a sua autoridade formalmente instituída.  Depois de algum tempo, consegui quebrar aquele gelo e ela passou a ter uma postura mais flexível. Sala de aula é lugar para se lançar sem medo. Existe algo mais maravilhoso do que um aluno fazer uma pergunta e você não ter respostas prontas para dar? Construir e reconstruir significados são tarefas altamente gratificantes.
Recentemente, trabalhei em uma universidade e num belo dia de verão, a coordenadora de disciplinas teve a brilhante idéia de que os professores padronizassem os slides de suas aulas. Educadamente recusei a sugestão, argumentando os meus pontos de vista e nem preciso dizer que minha passagem por lá foi meteórica. Pedi demissão assim que o semestre terminou.
Rebelde, questionadora?  - Que nada! Apenas apaixonada pelo que faço.
Por que tanta necessidade de controlar, vigiar e punir? Sempre digo aos meus alunos que devemos trabalhar com mais dúvidas do que certezas, processo que faz com que cada aula seja uma caixa de surpresas. Cabe ao professor mediar as relações, de forma que o conhecimento seja construído de forma prazerosa, possibilitando questionamentos diversos e, sobretudo, uma postura crítica a cerca da realidade.
Lembro-me de uma passagem de um livro do Sennett (Autoridade) que diz que a presença de uma figura de autoridade é fundamental e muitas das vezes permeada por relações ambíguas; se por um lado a autoridade atua como elemento castrador, inibidor, por outro oferece proteção, segurança, de forma que a relação se configura como necessária e dotada simultaneamente de elementos de atração e repulsa. Infelizmente, muitas pessoas criam este vínculo, o que inevitavelmente faz perpetuar esta relação, conferindo ainda mais autoridade.
Já não bastam as relações de controle instituídas no espaço escolar?  Imagine se o projeto da escola sem partido virar lei.



quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Os bastidores da gravação da propaganda eleitoral na TV


Os bastidores da gravação da propaganda eleitoral na TV.
Ontem o dia foi dedicado à gravação da propaganda eleitoral,  que terá início no próximo dia 26/08.
Foram horas de preparação para apenas 1O segundos.
O que dizer em 10 segundos?
Bordões, clichês e promessas...
São apenas 10 segundos.
Descrédito, desconfiança, medo...
São apenas 10 segundos.
Sonhos, projetos, esperança em dias melhores...
São apenas 10 segundos.
Como falar de coração para coração?
São apenas 10 segundos.
A vida é feita por escolhas,

Para muito além de 10 segundos.

domingo, 21 de agosto de 2016

Com Suêd Haidar, presidente do Partido da Mulher Brasileira. Acreditando numa maior representatividade da mulher no espaço político.

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Escola sem partido. Com que máscara eu vou? A máscara da neutralidade?



Escola sem partido. Com que máscara eu vou? A máscara da neutralidade?





Está em trâmite no Senado Federal consulta pública sobre o projeto de lei que pretende incluir na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional o “Programa Escola sem Partido”, também conhecida como lei da mordaça. Com tantas questões emergentes precisando de discussão, nos deparamos com um posicionamento conservador e moralista.
As opiniões estão divididas pró e contra ao referido projeto.  Hoje pela manhã era este o placar:
 180.929Descrição: Favor   192.198Descrição: Contra

Chama a atenção o conteúdo do artigo 5º, que trata dos deveres do professor no exercício da sua profissão.
 “não se aproveitará da audiência cativa dos alunos, para promover os seus próprios interesses, opiniões, concepções ou preferências ideológicas, religiosas, morais, políticas e partidárias” O que é audiência cativa? Em que década estamos? Entrei numa máquina do tempo de volta ao passado? Ainda existe educação bancária? Vivemos em um momento em que há intensa participação dos alunos na construção de um conhecimento rico e ampliado.

A justificativa do projeto é ainda mais estarrecedora e mostra nas entrelinhas os verdadeiros objetivos ocultos por trás de sua formulação: “É fato notório que professores e autores de materiais didáticos vêm se utilizando de suas aulas e de suas obras para tentar obter a adesão dos estudantes a determinadas correntes políticas e ideológicas para fazer com que eles adotem padrões de julgamento e de conduta moral - especialmente moral sexual - incompatíveis com os que lhes são apresentados por seus pais ou responsáveis.” Ao que tudo indica é a questão da sexualidade que está em pauta, contrariando um dos temas transversais contidos nos parâmetros curriculares nacionais, em que a questão da orientação sexual se insere.

É função do professor contribuir na construção de um posicionamento crítico e reflexivo que possibilite ao aluno fazer escolhas conscientes. Para que isto ocorra, é necessário que se criem espaços abertos de discussão, com a devida aproximação, para que se estabeleça uma relação de confiança, despertando a curiosidade, o interesse pela leitura, pelas pesquisas científicas, e, sobretudo, oriente para a  construção da autonomia.

Infelizmente nem todos ultrapassam a condição heterônoma, permanecendo dependentes de uma figura de autoridade. Assim, o professor, no seu papel de orientador precisa ser contido, controlado e vigiado. É visto como uma ameaça.

Somos um todo inseparável, com interesses, opiniões, crenças, vivências que nos tornam mais ricos e únicos, o que inevitavelmente irá transparecer na nossa postura profissional.  Não é possível deixar do lado de fora da escola esta singularidade e vestir a máscara da neutralidade.

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Minha trajetória (Senta que lá vem história)

Minha trajetória (Senta que lá vem história)
Filha da dona Maria (Socorro para os íntimos) e do seu Pinho (já falecido), ambos de origem humilde, tive uma vida simples, mas com o essencial para uma vida digna. Minha mãe, muito sábia, diante das dificuldades financeiras que enfrentávamos era uma ótima planejadora financeira, sempre fazia sua reserva pensando em algum imprevisto que pudesse nos acometer. Mantinha um cofrinho que só abríamos no Natal. Assim, as roupas, os sapatos e os brinquedos estavam garantidos.
A prioridade era investir nos estudos.
Aos quinze anos decidi que queria ser professora e ingressei na Escola Normal Carmela Dutra, tendo concluído o curso no ano de 1984. Naquele mesmo ano, ao me identificar com a professora de Psicologia, decidi que esta seria a profissão que investiria meus esforços.  E assim como planejei, no ano de 1985, iniciava o curso de Psicologia. Como precisava trabalhar para me manter e ajudar a família, prestei concurso para professora do Estado, tendo iniciado minhas atividades no CIEP Professora Armanda Álvaro Alberto, em Duque de Caxias. Experiência singular ter participado de um maravilhoso projeto de Educação Integral, com uma proposta de resgate e transformação social. Uma pena que projetos desta natureza não tenham tido a continuidade devida.  Em 1988 prestei um novo concurso para o Município do Rio de Janeiro, indo trabalhar na Escola Municipal Guandu, em Campo Grande. Naquela época fazia um tour viajando de ônibus e trem no trajeto Abolição-Campo Grande-Duque de Caxias-Piedade-Abolição para conciliar duas escolas e a faculdade. Em 1989 conclui a graduação em Psicologia.
No ano de 1994 ingressei no Mestrado em Psicologia da UFRJ, tendo a honra de ser orientada pelo saudoso prof Franco Lo Presti Seminerio. Neste meio tempo, senti a necessidade de me dedicar exclusivamente ao mestrado. Era o momento de fazer escolhas e tomar uma decisão. Foi difícil, mas solicitei exoneração das duas matrículas. Era preciso fechar um ciclo para iniciar outro. A diretora de uma das escolas me chamou para conversar, me orientando a solicitar uma licença sem vencimento, para não trocar o certo pelo duvidoso.   Segui minha intuição segundo o dito popular: “quem não arrisca não petisca”  e não me arrependi.
Em 1997 defendi minha dissertação sobre autoconceito de alunos superdotados e no  ano seguinte comecei a lecionar em instituições de  ensino superior, para os cursos de Pegagogia e Administração.
Em 2002 ingressei na Universidade Estácio de Sá, atividade que mantenho até hoje, lecionando as disciplinas de Psicologia da Educação, Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem, Psicologia das Organizações e Planejamento de Carreira e Sucesso Profissional.  
Em paralelo às atividades de ensino e pesquisa, comecei minha preparação para cursar o doutorado, iniciado em 2002 na UERJ, com orientação do competente Prof. Wilson Moura.  Neste mesmo ano engravidei e, em 2003 nasceu minha filha Karen Alana. Conciliar estes dois projetos, de mãe e pesquisadora não foi fácil, mas não desisti. Em 2004 prestei concurso público para o perfil de psicóloga, cargo de Analista em Ciência e Tecnologia na Comissão Nacional de Energia Nuclear, sendo aprovada em 2º lugar, iniciando as atividades em 2005. Em 2006, defendi a tese sobre relações de poder e autoridade nas equipes de trabalho. Orgulho para minha mãe, que nunca imaginou que a filha pudesse chegar até aqui.
A vida é composta de ciclos e são os desafios que nos movem. Estou com muita disposição para iniciar uma nova empreitada. Política não é lugar para amadores, para conseguir um emprego, para se dar bem ou conseguir projeção social. É comprometimento com as causas que precisam de solução. Tenho 31 anos de experiência e luta em prol da Educação. Por este motivo, peço seu voto de confiança. Vote 35028.



quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Político para que e para quem?

Sou Márcia Pinho, candidata à vereadora do Município do Rio de Janeiro, pelo Partido da Mulher Brasileira/ PMB.
Nunca tive a intenção de me enveredar pela vida política, contudo diante da situação caótica em que nos encontramos no cenário político, com representantes envolvidos em escândalos de corrupção e falta de ética, decidi que era o momento de fazer alguma coisa. Não é possível aceitar passivamente a continuidade desta situação. 
Ao comentar num círculo restrito de amigos a minha intenção, tive alguns feedbacks bem interessantes: Porque você quer ser política? Você não tem perfil para política. Fiquei pensando com os meus botões: E qual é o perfil do político no imaginário das pessoas? Aquele que tem um discurso padronizado e cheio de bordões? Sorriso engessado? Aquele que sabe dar tapinha nas costas e apertos de mão? Aquele que promete o que não pode cumprir?  Ah não! Realmente não possuo este perfil. É uma pena verificar que aquele que deveria ser o representante da população esteja com a imagem tão desgastada, gerando falta de credibilidade e de esperança em dias melhores. É preciso mudar este quadro!
Para ser político é preciso gostar de gente e isso se evidencia no dia a dia, no tratamento respeitoso com um vizinho, com o porteiro do prédio, com um colega de trabalho, sem câmeras e selfies para registro, já que para gostar de gente não é preciso ter platéia.
Para gostar de gente é preciso se sensibilizar com a causa alheia, é estar de olhos abertos e ouvidos atentos às demandas do outro, e, principalmente priorizar os interesses coletivos em detrimento dos interesses particulares. E eu posso dizer com determinação que gosto de gente.
O meu perfil é de alguém que sempre acreditou no seu potencial e realizou conquistas por méritos próprios, resultado de muito esforço, dedicação e persistência diante de inúmeros obstáculos que encontrei na minha trajetória, sempre de forma íntegra e honesta. Aquela que lutou e realizou conquistas por méritos próprios pode se colocar no lugar do outro, reconhecer suas necessidades e promover ações que promovam melhorias das condições vivenciais.

Sou mulher, mãe, esposa, psicóloga, professora e desempenho outros importantes papéis, e, por estar comprometida com causas que exigem soluções, peço seu voto de confiança. Vote 35028 para que eu possa fazer a diferença na forma de pensar e fazer política.